quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Banzo Fajuto

Tirante o caso de grandes jogadores em reta final de carreira (Ronaldo e Roberto Carlos, em especial), um estranho fenômeno vem se abatendo sobre outros nomes de destaque do futebol brasileiro em terras do Velho Mundo. Dois de nossos selecionáveis, ambos alocados na cidade de Manchester, Robinho (ainda no City) e Anderson (ainda no United) vêm provocando certo burburinho na mídia internacional sobre forçarem a saída de seus clubes para supostamente voltar para o futebol brasileiro. Com isso, abalam não só a confiança dos estrangeiros neles mesmos, mas em todos os nossos jogadores.

Não são poucos os casos de brasileiros que surfam na crista da onda formada pelo encontro do entusiasmo gringo com a famosa habilidade tupiniquim no esporte. Quantos “próximos” Pelés, Romários e Ronaldos já exportamos para vermos definhar em pouco tempo? O que foram para o futebol europeu Denílson, Juninho Paulista, Vágner Love, Mineiro, Kléberson, Sávio, Cicinho – e se me permitem esticar, até o magrão Sócrates!?

O sucesso de Adriano (ex-Inter de Milão, hoje no Flamengo) é a inspiração para aqueles que concretizarem os rumores de retorno ao lar. E o torcedor brasileiro, por alguns meses (até quem sabe um ano) poderá sonhar novamente com esquadrões jogando por aqui. Mas lembremos: Tiago Neves veio e logo se foi, Zé Roberto e Ricardo Oliveira também; mesmo o Imperador e Vágner Love correm o risco de abandonar o barco no meio do ano...

Parece que os jogadores brasileiros exilados sofrem de uma saudade meio fajuta; que num primeiro instante é do país; logo depois, da projeção internacional e, para a maioria, do dinheiro. Daí é um passo para se enterrarem num time de segunda categoria na Europa – ou pior ainda: vão para o México, Coréia, Ucrânia, Rússia, Emirados Árabes, Uzbequistão...

O dinheiro ainda impera no futebol; mas isso não é novidade. Triste é perceber que este deturpou até mesmo o banzo – a saudade que os antigos escravos africanos tinham de sua terra nas colônias do Novo Mundo. Fenômeno mais do que explicável, a grande parte desses jogadores, vindos de famílias pobres e com rápida projeção em carreira (e salários), caem de súbito no banzo, pois são escravos do dinheiro...