segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Torcidas organizadas gays: um "toque" pros muito-machões

#Futebol #Preconceito Como tudo que surge relacionado ao Corinthians tem que ser maior do que com os outros clubes, essa história de torcida organizada gay está gerando rebuliço só agora... então aproveito o ensejo para relacionar aqui autos anteriores dessa história oculta e que nossos preconceitos insistem em não admitir.

Como muito sabiamente disse um primo meu, isso aqui é uma democracia, é inclusiva, toda família tem disso - e não é nenhum mal, acresço!

Um "toque" pros rapazes-muito-machos que ainda insistem na besteira do preconceito: a ala gay da torcida de vocês chegou na frente, a nossa parcela gay foi que chegou atrás... 

Gaivotas da Fiel está longe de ser primeira torcida gay. Coligay, Flagay e Raposões vieram bem antes - http://esportes.r7.com/blogs/eduardo-marini/2013/10/17/gaivotas-da-fiel-esta-longe-de-ser-primeira-torcida-gay-coligay-flagay-e-raposoes-vieram-bem-antes/

"Bambi Tricolor" ganha adeptos na Internet, mas medo de agressão breca ação em estádios - http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2013/06/06/bambi-tricolor-ganha-adeptos-na-internet-mas-medo-de-agressao-breca-acao-em-estadios.htm

Alemanha faz cartilha para incentivar atletas gays a saírem do armário - http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2013/03/19/federacao-alema-produz-cartilha-para-incentivar-jogadores-gays-a-sairem-do-armario.htm

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Tite, Mano, ingratidão, falta de memória - e possível transição

Comentário à provocação: "Mano Menezes pediu demissão do Flamengo. Tite balançando no Corinthians. Mera coincidência?"

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São poucos no mundo que podem dizer que em 2 temporadas (restinho do brasileiro de 2010 + 2011 e 2012) fizeram de um time campeão nacional numa liga como Brasil, continental e mundial. Uma escalada enorme! Guardiola é o exemplo mais próximo, e ainda assim, há que se considerar que a diferença de recursos e mesmo de filosofia a longo prazo entre os dois clubes é considerável. Vou cometer o desatino aqui de comparar ainda com outro europeu: Sir Alex Ferguson levou 3 anos para ganhar uma copa nacional, 6 para um inglês e 12 para um continental e mundial!

O futebol brasileiro ainda vive uma realidade bem diferente do futebol europeu; e a gente meio que esquece disso. Os jogadores de talento raramente ficam por aqui, até por que sonham em ir pra lá. Assim fica difícil montar times absolutamente estáveis por muitas temporadas; só um trabalho a médio e longo prazo pode dar algum equilíbrio. Mas como o próprio Tite afirmou, a cultura do nosso esporte aqui é da troca - e aí nem torcedores, nem mídia, nem dirigentes e nem os próprios treinadores acreditam nessa possibilidade... mas descartá-la é apenas uma "prudência" fantasiosa.

A "ingratidão" (até o limite do profissionalismo) e a falta de memória são absurdas nesse país, inclusive com treinadores de futebol, que por aqui só tem salários astronômicos como forma de justificar a dança das cadeiras - senão, porque técnicos daqui nunca fazem muito sucesso lá fora (exceto nos EUA, Japão, Mundo Árabe...)!?



Agora, se o próprio Tite estiver acertando sua saída, por exemplo, para a Inter de Milão em 2014, e assim avisou à diretoria que procurou o Mano - aí a "transição" seria interessante, na minha opinião. Isso eu não veria como problemático; ao contrário, seria a melhor troca possível, se inexorável.

Não seria prudente ao Tite anunciar saída agora, em meio a uma crise ainda administrável e contornável, para entregar o foguete ao Mano, com a história que ele tem no clube e pretenderia continuar em breve. Nem seria ético (muito menos inteligente) por parte do Mano continuar no Flamengo pensando já em outro clube, ainda mais na situação de risco do Flamengo hoje. Um não poderia esperar a crise piorar para sair; o outro não pode deixar piorar para deixar o próximo já em crise. Mas tudo dependerá dos resultados vindouros...

Nessa hipótese, tudo se encaixa. Aposto que, se uma coisa tem relação com a outra, é por essa linha.

sábado, 7 de setembro de 2013

Marín, Del Nero, Sánchez: o jogo mudou, sim!

#Futebol Há pouco tempo, quando o "honorável" Ricardo Terra Teixeira renunciou a seu cargo biônico de presidente da Confederação Brasileira de Futebol, lembro-me muito bem das objeções que recebi pelo comentário otimista de que, finalmente, algumas coisas estavam para mudar no futebol... "farinha do mesmo saco!", "não muda nada!!!" - por aí vai... Tudo natural, muito democrático - que assim seja. Não seria nada que tivesse me marcado negativamente não fossem duas coisas muito fortes: o niilismo generalizado de gente quase sempre tão jovem quanto eu e uma certa censura moral implícita por "se passar por tão ingênuo"... não bastava dizer ali que não acreditava na idoneidade absoluta de José Maria Marín, que não achava que aquela era a solução para todos os problemas desse amado esporte nacional, que o mínimo desequilíbrio de forças ali envolvido já seria algo interessante e oportuno... Não! Eu tinha que me mostrar cético e um tanto cínico... era a lição implícita ali!

A cinco dias de completarmos um ano e meio da posse de Marín, tivemos algumas alterações nos campeonatos e no calendário brasileiro, na detenção dos direitos de transmissão, um Corinthians antipático aos donos do poder da hora e um São Paulo mais... "acolegado"... e, acima de tudo, uma novidade muito bem vinda: temos oposição na CBF, coisa que não tivemos por mais de 20 anos de "Dinastia Ricardo Terra". E note-se que o jogo político agora "entorna" não só no Brasil, mas a nível continental e internacional, com Conmebol e FIFA, envolvendo figuras como Maradona e Romário... em suma: a coi-sa- mu-dou. E, por mais que não estejamos em nenhuma maravilha (longe disso), algumas dessas mudanças aconteceram até bem mais rápido do que eu imaginava...

Ânimo em lugar de animosidades - mas é assim: políticas, políticos, xamegos à parte...

Quando os amigos quiserem contestar o que digo peço que não desconsiderem esse direito e se manifestem sem reservas; mas que estejam prontos para aceitarem o meu lado também - e de fato considerarem meus pontos. Se expresso minhas opiniões aqui ou em qualquer outro lugar público é porque de fato quero ter retorno, ouvir opiniões diferentes ea té contrárias; mas de forma que caminhemos todos a a lugares e ideias melhores do que tínhamos antes. Poucos foram aqueles que procuraram contribuir para o refinamento dos argumentos, enriquecendo o debate. Agora, se me quiserem para reforçar a mesma apatia de sempre, me desculpem, estou fora!

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P.S.: só entenderão isso como uma exortação desenfreada à chapa de A.Sánchez os que não lêem o que escrevo, os que lêem e não entendem ou os pobres de espírito que lêem, entendem mas ignoram.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pato: Joaquim desagrava

Perdoem o trocadilho. Em tempos de inventividades com Patos e Gansos, foi irresistível associar esta ânsia de publicação minha com um sobrenome tão oportuno quanto o de Joaquim Grava, o médico fisiologista do Corinthians, referência internacional na medicina esportiva e que, em vida, dá nome ao CT do mesmo clube.

Joaquim Grava confirmou o que eu suspeitava outro dia, e que foi tema de longa discussão no twitter entre eu e dois amigos - Filipe Dutra e Caio Costa. Declarei acreditar que a série de lesões do Pato não seria de preocupar tanto a equipe alvinegra - daí o debate, donde os amigos discordaram.

O atacante corinthiano durante os exames preliminares.

Nos dias subsequentes, uma série de notícias vinha, até que surgisse um vídeo na ESPN com o Dr. Joaquim Grava corroborando justamente o que eu dizia. Daí, lancei mão de uma publicação no Facebook, convocando Filipe e Caio e resumindo minha posição em dois argumentos, como disposto abaixo (reprodução do comentário no facebook):

1) apesar de ter 16 lesões na curta carreira, e de ter feito poucos jogos em 5 temporadas italianas, Pato tem um dos melhores aproveitamentos históricos do AC Milan em gols por jogos. Fica só atrás de Van Basten (informação Sportv).

2) das 16 lesões que teve, a primeira foi logo no começo, um entorse no tornozelo; outra, mais recentemente, uma queda de mal jeito com o ombro. Simplesmente QUATORZE foram musculares - como aconteceu a uma boa parte do elenco milanista, alguns dos quais egressaram em outras equipes e tiveram melhor rendimento (Pirlo e Ronaldo Fenômeno foram os que mais me ocorreram).
É claro que eu ainda posso estar errado - Joaquim Grava pode estar, não é deus. Ainda podemos pagar o pato. Mas é a melhor referência possível para dizer isso. Tal qual fechei o comentário:
Como eu chutei (não sou médico fisiologista!), se essas lesões musculares não fossem resultado de mal tratamento e acompanhamento (como Joaquim disse no vídeo), seriam resultado de uma doença congênita (descartada). Não sou médico, mas pra mim isso foi bola dentro...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A tresloucada imprensa esportiva da Espanha

Comentário à notícia: Jornal espanhol detona Fuleco e quer Ronaldo como mascote: ‘Maldito tatu’ (http://globoesporte.globo.com/futebol/blog-da-copa/platb/2013/01/09/jornal-espanhol-detona-fuleco-tatu-maldito/)




Se meu apreço pela imprensa esportiva espanhola já não era grande coisa, acho que depois dessa não sobrou nenhum rastro de simpatia...

O assunto é uma besteira!? Sim, claro, totalmente, uma irrelevância sem tamanho - eu concordo. O problema é a forma tresloucada com que os caras resolvem falar de algo representativo nosso - não de como eles nos vêem, mas de como nós nos vemos, de como nós escolhemos ser vistos pelos outros (eles inclusive).

Se fosse pra representar mais o Brasil segundo a ótica estereotipada deles, que tal uma solene bunda!?

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A única coisa que a maioria brasileira parece ter gostado, o tatu-bola, é escrachada por esses que são europeus, como os que escolheram as terríveis "Fuleco" e "Brazuca", dentre outros símbolos, para "nosso" evento (sem falar das condições legais, técnicas e financeiras que impuseram e que nós, a reboque do Estado, aceitamos...)! Tenha paciência! Se o sujeito tivesse ao menos a preocupação de saber o que nós, brasileiros, achamos desse mascote; de como nós, brasileiros, nos vemos e queremos ser vistos... Ronaldo, por mais que seja ídolo de uma nação (os brasileiros) e meia (a metade corinthiana do Brasil :P), por muito de sua trajetória extra-campo não seria um representante unânime; além da sugestão, se levada mais a sério, redundar numa falta de criatividade sem tamanho!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Guichê de clichês do Pato

Pegue a sua senha: o contrato de Alexandre Pato com o Corinthians é de 4 anos. Basta menos de um quarto disso para esgotar todas as possibilidades de trocadilhos infames com o apelido do rapaz. Nós não poderíamos deixar de entrar na barca e tirar nosso sarrinho, também - então, mandamos em letras garrafais (para facilitar a vida de alguns mancheteiros em fase terminal de criatividade) as primeiras linhas ...
Timão pagou o Pato (se der errado)
Lá vem o Pato, Pato aqui, pato acolá (pela repercursão)
De Pato pra Ganso (social, saindo com o amigo do SPFC) 
... 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Série "Polêmicas"

O caro leitor, caído aqui fortuitamente ou não, já deve ter percebido que este definitivamente não é um blog regular, como seria de se esperar de qualquer blog que se preze... pois é, não trabalho com esporte, não sou pago pra isso e tenho que achar brechas em meio ao trabalho, aos estudos e à vida pessoal para poder, vez perdida e outra, postar alguma coisa aqui. Nesse sentido, estou em muita desvantagem dos colegas de profissão que hoje conseguem sobreviver da tal "crônica esportiva" (odeio a expressão, só merecedora de um Nelson Rodrigues e poucos outros - mas vá lá).

Pois é, há essa desvantagem, que, no entanto, pode ser convertida em alguma forma de vantagem se pensarmos que estes mesmos colegas têm de lidar com o calor da cada vez mais dinâmica atividade de análise esportiva, com mercados sempre e mais e mais aquecidos, convergência midiática, mais concorrentes na praça concreta e virtual... eu não: levo minha produção a reboque do sabor da vida, o que me permite, vez ou outra, me dedicar a um aspecto que normalmente demandaria muito tempo de um profissional da área e, por isso mesmo, frequentemente passa ao largo das publicações e postagens.

Essa série "Polêmicas" vem, portanto, para reforçar essa nossa pequena vantagem relativa. É um convite ao conhecimento (e à discussão, por que não?) de meu posicionamento acerca de várias polêmicas do esporte brasileiro e internacional, e de todo o universo que o cerca. A ideia é dar uma base de meu raciocínio geral acerca do fenômeno esportivo sob diversos aspectos: técnico, tático, estético, histórico, sociológico, psicológico etc.

As famigeradas embaixadinhas de Edilson.
Possivelmente, a minha polêmica preferida - de tão ganha.

Como é de praxe no Finalíssimas, não posso assegurar nenhuma periodicidade. Apenas me comprometer em abordar pelo menos 3 polêmicas históricas por postagem, o mais sucinta e precisamente possível, só para montar essa base de convicção e, às vezes, provocar um pouco de rebuliço. A praça de discussão serão os comentários, como tem de ser; e qualquer abuso poderá ser sumariamente reparado como eu entender. Sorry, sorry, folks! That's my blog! A ideia é abordar as polêmicas que já existem no esporte; não criar novas polêmicas fora dela, ok?

Então, em breve, virá o primeiro post: "Jornalismo Esportivo". Fiquem atentos!

Abraços!

Vem, Corinthians! (resposta de um admirador a Luiz Guilherme Piva)

Foi Corinthians

O Corinthians acabou.
Nem Nostradamus nem os Maias previram; e nem poderiam, dado que o Corinthians segue existindo.
Por isso, tampouco os oráculos contemporâneos percebem a extinção – e mesmo poucos historiadores (profetas do pretérito) futuros saberão anunciá-la.
É que o Corinthians que acabou, a despeito da continuidade do nome, da instituição e da torcida, é o invisível, o intangível – dotado, porém, de sabores, cheiros e sons que (assim como em tudo o que existe) constituíram sua identidade no tempo e no espaço.
Não se trata de melhor ou pior.
Outros times já acabaram da mesma forma e ninguém percebeu, porque seguem aí, vencedores ou perdedores, disputando partidas e campeonatos.
Há, até, times que acabaram de fato, como instituição, sede, elenco, CNPJ, camisa e quase toda a torcida, mas seguem ocupando seu escaninho no leque de identidades que abrimos quando pensamos em times de futebol.
Trata-se de ver o que não mais existe dentro do que segue existindo.
O Corinthians que segue por aí, cujo advento se configurou nos últimos anos, é o time estável, seguro, sem derrotas trágicas nem vitórias cardíacas, senhor da tática e do resultado, capaz de lancetadas cirúrgicas e frias nos adversários, bem-sucedidas e entediantes como o são os procedimentos protocolares dos grandes médicos.
É o time sem ídolos ou vilões irascíveis, sem personagens folclóricos, sem craques e pernas-de-pau lendários, sem gols chorados em cima da hora (nem contra nem a favor), sem o sentimento de fatalidade, sem missão, sem o oco que move à voracidade maior do que a temperança (faca só lâmina), sem expiação, sem milagres, sem purgatórios, pragmático, iluminista, blasé sincero.
A torcida – que, aliás, é parte constitutiva da identidade histórica do time – não mudou, e quando vemos o Corinthians vemos também, e sobretudo, a torcida, o que dificulta vislumbrar sua extinção.
A torcida mesma, quando olha o campo, a camisa, os gols e as conquistas e desfruta da merecida felicidade que este outro time lhe proporciona, não vê senão o Corinthians que ela tem em mente, do qual ela faz parte.
Falta-lhe distanciamento. É ela em campo, na arquibancada e nos pódios. Seria pedir demais que visse que os onze que jogam formam um time que não é aquele que ela forjou.
Ninguém vê nem sequer as mudanças pequenas e grandes que experimenta a todo momento.
Vai querer que veja seu próprio fim?
O Corinthians acabou.
Viva o Corinthians!




Vem, Corinthians! (resposta)
O Corinthians não acabou, nem o mundo.
Se Nostradamus ou os Maias não previram (e nem poderiam), seria verdade?
Sendo assim, os tais “oráculos contemporâneos” e “profetas do pretérito” terão extinção para prever, saber, anunciar?
É que o Corinthians, que não acabou, a despeito do invisível, do intangível que constitui sua identidade no tempo e no espaço, sempre foi o time do concreto, da concretização dos mitos, das místicas, da liturgia. Pode não parecer bonito, e muitas vezes não era; mas era o que era.
Não se trata de melhor ou pior, como você disse.
Outros times não acabaram da mesma forma e ninguém percebeu. O mundo não acabou, nem muitos times, a maior parte deles.Outros até acabaram de fato, como instituição, sede, elenco, CNPJ, camisa e quase toda a torcida, mas seguem ocupando seu escaninho no leque de identidades que abrimos quando pensamos em times de futebol.
Trata-se de ver o que existe dentro do que parece não mais existir no que segue existindo... meio complicado, admito!
O Corinthians que segue por aí, cujo advento se configurou nos últimos anos, é, sim, um time estável, seguro. Concedemos essa. Mas como vem você me dizer, caro Piva (perdoa a intimidade, se ofende), como vem me dizer que é um Corinthians sem derrotas trágicas!? O que foi o Tolima, pra mim, corinthiano!? Que foi a derrota pro Sport na finalíssima da Copa do Brasil, em 2008? O próprio descenso à Série B, quando toda essa saga começou!?
Diz-me que não houve nem vitórias cardíacas? Espera, Piva! Eu lembro de muitas – que, se não são muitas em quantidade, são “muito”, na importância! Foi bom, foi muito bom ver vitórias de lavar a alma, inclusive com gols chorados em cima da hora, como você diz sentir falta: o gol da estreia de Ronaldo contra o Palmeiras, o gol de Christian contra o São Paulo, o gol de Paulinho contra o Vasco...
Sim, esse é o Corinthians senhor da tática e do resultado, capaz de lancetadas cirúrgicas e frias nos adversários, bem-sucedidas e entediantes como o são os procedimentos protocolares dos grandes médicos – para os pacientes, seus clientes, fregueses, que têm sempre a razão, claro...
É um time sem ídolos ou vilões irascíveis como Neto, Leão, Pernambuquinho e outros; mas tem Cássio, Chicão, Ralf, Jorge Henrique - o time inteiro de jogadores que encarnam como os outros antes, talvez até mais, por serem como “operários em campo”, o espírito do torcedor do povo! Se não são personagens “totais” como um Quixote, um Hamlet ou um Vito Corleone, são Sancho Pança, são Horácio e Michael Corleone para um personagem maior: a própria torcida! O futebol, no Corinthians de hoje, é um espetáculo de torcida!
Tem personagens folclóricos, sim! Emerson Sheik e sua macaca, que ora bota no ombro, ora solta nos microfones; o Tite das caretas fotogênicas e do titês, o Romarinho de tão pouca mas iluminada carreira, o Ronalducho, matando a bola na pança, até o Andrés Sánchez, que embora não seja lá bom exemplo, não deixa de ser curiosamente folclórico...
Sem craques absolutos e nem pernas-de-pau lendários, mas com mestria e pixotadas na medida certa para encantar seu torcedor. E há o sentimento de fatalidade, a missão, o oco que move à voracidade maior do que a temperança e expiação, e milagres, e purgatórios: pragmático, iluminista e blasé sincero só pra quem é de fora. Por dentro, Piva, é tudo isso! Mas tem que ser corinthiano pra sentir, à vera!
A torcida – que, aliás, é parte constitutiva da identidade histórica do time – não mudou, e quando vemos o Corinthians vemos também, e sobretudo, a torcida, o que dificulta vislumbrar sua extinção. Pois é, veja você, a resposta pra tudo isso, hoje, no Corinthians de hoje, é justamente a sua torcida. A mesma Fiel, novamente forjada nas dificuldades, não na bonança! Parece mais preocupação com o tal “futebol moderno”, pertinente e oportuna, em que o sintoma terminal parece ser a teatralização do futebol pela domesticação das torcidas; mas os corinthianos sempre foram mais que uma torcida de teatro ou de vôlei - e estão cada vez mais longe disso!
A nós, corinthianos, falta-nos distanciamento, certamente! Somos nós em campo, na arquibancada e nos pódios! Seria pedir demais que visse que os onze que jogam formam um time que não é aquele que ela forjou, sem dúvida – mas é que nós somos os onze, ou somos doze, não sei, perdemos a conta, envolvidos, hipnotizados pelo espetáculo que ajudamos a criar. Jogamos juntos e não há quem de direito possa usurpar nossa própria noção de identidade, certo!?
Ninguém vigia indefectivelmente as mudanças pequenas e grandes que experimenta a todo momento. Todos nós mudamos, Piva; todos nós, invariavelmente. E não falo só de alvinegros, alviverdes, tricolores, celestes, colorados... aquele mundo inteiro que você esboçou em suas palavras acabou, desculpe a indelicadeza, mais uma vez; nem era preciso Nostradamus ou maias para perceber que é parte da natureza, humana ou não, se transformar. Um homem e um rio nunca são os mesmos. A princípio (e é assim sempre) não é certo nem errado, lembra? Perde o bonde quem, invariavelmente mudando, insiste em achar que é o mesmo sujeito de sempre.
Sentir saudade do Corinthians simpático e flertando com a pequenês honrada dos times de bairro ou de interior é bem natural para um torcedor rival (especialmente o que se vê agora do outro lado da situação). Mas o corinthiano há muito tempo deixou de achar graça nessa piada, e há poucos dias conseguiu reverter isso com efeito duplo, um bi-mundial... não tem mais nada pra ganhar - "e se tiver", nossa verve declara, "nós vamos buscar". Isso faz perder aquela graça de bar, aquele saudosismo; incomoda, até assusta!

Todo ser humano precisa de conquistas, glórias e nova história também – para acreditar que é possível buscá-lo tudo de novo, depois, em tempos magros. Fomentar o mito das conquistas vindouras. Que seria do passado senão um motivador do futuro!? Vai querer que seja seu próprio fim? Acredito piamente que não; nem acredito que o será...
O Corinthians não acabou, amigo; ele renasceu!
Se é pra vir com essa novidade, Vem Corinthians!