sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pato: Joaquim desagrava

Perdoem o trocadilho. Em tempos de inventividades com Patos e Gansos, foi irresistível associar esta ânsia de publicação minha com um sobrenome tão oportuno quanto o de Joaquim Grava, o médico fisiologista do Corinthians, referência internacional na medicina esportiva e que, em vida, dá nome ao CT do mesmo clube.

Joaquim Grava confirmou o que eu suspeitava outro dia, e que foi tema de longa discussão no twitter entre eu e dois amigos - Filipe Dutra e Caio Costa. Declarei acreditar que a série de lesões do Pato não seria de preocupar tanto a equipe alvinegra - daí o debate, donde os amigos discordaram.

O atacante corinthiano durante os exames preliminares.

Nos dias subsequentes, uma série de notícias vinha, até que surgisse um vídeo na ESPN com o Dr. Joaquim Grava corroborando justamente o que eu dizia. Daí, lancei mão de uma publicação no Facebook, convocando Filipe e Caio e resumindo minha posição em dois argumentos, como disposto abaixo (reprodução do comentário no facebook):

1) apesar de ter 16 lesões na curta carreira, e de ter feito poucos jogos em 5 temporadas italianas, Pato tem um dos melhores aproveitamentos históricos do AC Milan em gols por jogos. Fica só atrás de Van Basten (informação Sportv).

2) das 16 lesões que teve, a primeira foi logo no começo, um entorse no tornozelo; outra, mais recentemente, uma queda de mal jeito com o ombro. Simplesmente QUATORZE foram musculares - como aconteceu a uma boa parte do elenco milanista, alguns dos quais egressaram em outras equipes e tiveram melhor rendimento (Pirlo e Ronaldo Fenômeno foram os que mais me ocorreram).
É claro que eu ainda posso estar errado - Joaquim Grava pode estar, não é deus. Ainda podemos pagar o pato. Mas é a melhor referência possível para dizer isso. Tal qual fechei o comentário:
Como eu chutei (não sou médico fisiologista!), se essas lesões musculares não fossem resultado de mal tratamento e acompanhamento (como Joaquim disse no vídeo), seriam resultado de uma doença congênita (descartada). Não sou médico, mas pra mim isso foi bola dentro...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A tresloucada imprensa esportiva da Espanha

Comentário à notícia: Jornal espanhol detona Fuleco e quer Ronaldo como mascote: ‘Maldito tatu’ (http://globoesporte.globo.com/futebol/blog-da-copa/platb/2013/01/09/jornal-espanhol-detona-fuleco-tatu-maldito/)




Se meu apreço pela imprensa esportiva espanhola já não era grande coisa, acho que depois dessa não sobrou nenhum rastro de simpatia...

O assunto é uma besteira!? Sim, claro, totalmente, uma irrelevância sem tamanho - eu concordo. O problema é a forma tresloucada com que os caras resolvem falar de algo representativo nosso - não de como eles nos vêem, mas de como nós nos vemos, de como nós escolhemos ser vistos pelos outros (eles inclusive).

Se fosse pra representar mais o Brasil segundo a ótica estereotipada deles, que tal uma solene bunda!?

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A única coisa que a maioria brasileira parece ter gostado, o tatu-bola, é escrachada por esses que são europeus, como os que escolheram as terríveis "Fuleco" e "Brazuca", dentre outros símbolos, para "nosso" evento (sem falar das condições legais, técnicas e financeiras que impuseram e que nós, a reboque do Estado, aceitamos...)! Tenha paciência! Se o sujeito tivesse ao menos a preocupação de saber o que nós, brasileiros, achamos desse mascote; de como nós, brasileiros, nos vemos e queremos ser vistos... Ronaldo, por mais que seja ídolo de uma nação (os brasileiros) e meia (a metade corinthiana do Brasil :P), por muito de sua trajetória extra-campo não seria um representante unânime; além da sugestão, se levada mais a sério, redundar numa falta de criatividade sem tamanho!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Guichê de clichês do Pato

Pegue a sua senha: o contrato de Alexandre Pato com o Corinthians é de 4 anos. Basta menos de um quarto disso para esgotar todas as possibilidades de trocadilhos infames com o apelido do rapaz. Nós não poderíamos deixar de entrar na barca e tirar nosso sarrinho, também - então, mandamos em letras garrafais (para facilitar a vida de alguns mancheteiros em fase terminal de criatividade) as primeiras linhas ...
Timão pagou o Pato (se der errado)
Lá vem o Pato, Pato aqui, pato acolá (pela repercursão)
De Pato pra Ganso (social, saindo com o amigo do SPFC) 
... 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Série "Polêmicas"

O caro leitor, caído aqui fortuitamente ou não, já deve ter percebido que este definitivamente não é um blog regular, como seria de se esperar de qualquer blog que se preze... pois é, não trabalho com esporte, não sou pago pra isso e tenho que achar brechas em meio ao trabalho, aos estudos e à vida pessoal para poder, vez perdida e outra, postar alguma coisa aqui. Nesse sentido, estou em muita desvantagem dos colegas de profissão que hoje conseguem sobreviver da tal "crônica esportiva" (odeio a expressão, só merecedora de um Nelson Rodrigues e poucos outros - mas vá lá).

Pois é, há essa desvantagem, que, no entanto, pode ser convertida em alguma forma de vantagem se pensarmos que estes mesmos colegas têm de lidar com o calor da cada vez mais dinâmica atividade de análise esportiva, com mercados sempre e mais e mais aquecidos, convergência midiática, mais concorrentes na praça concreta e virtual... eu não: levo minha produção a reboque do sabor da vida, o que me permite, vez ou outra, me dedicar a um aspecto que normalmente demandaria muito tempo de um profissional da área e, por isso mesmo, frequentemente passa ao largo das publicações e postagens.

Essa série "Polêmicas" vem, portanto, para reforçar essa nossa pequena vantagem relativa. É um convite ao conhecimento (e à discussão, por que não?) de meu posicionamento acerca de várias polêmicas do esporte brasileiro e internacional, e de todo o universo que o cerca. A ideia é dar uma base de meu raciocínio geral acerca do fenômeno esportivo sob diversos aspectos: técnico, tático, estético, histórico, sociológico, psicológico etc.

As famigeradas embaixadinhas de Edilson.
Possivelmente, a minha polêmica preferida - de tão ganha.

Como é de praxe no Finalíssimas, não posso assegurar nenhuma periodicidade. Apenas me comprometer em abordar pelo menos 3 polêmicas históricas por postagem, o mais sucinta e precisamente possível, só para montar essa base de convicção e, às vezes, provocar um pouco de rebuliço. A praça de discussão serão os comentários, como tem de ser; e qualquer abuso poderá ser sumariamente reparado como eu entender. Sorry, sorry, folks! That's my blog! A ideia é abordar as polêmicas que já existem no esporte; não criar novas polêmicas fora dela, ok?

Então, em breve, virá o primeiro post: "Jornalismo Esportivo". Fiquem atentos!

Abraços!

Vem, Corinthians! (resposta de um admirador a Luiz Guilherme Piva)

Foi Corinthians

O Corinthians acabou.
Nem Nostradamus nem os Maias previram; e nem poderiam, dado que o Corinthians segue existindo.
Por isso, tampouco os oráculos contemporâneos percebem a extinção – e mesmo poucos historiadores (profetas do pretérito) futuros saberão anunciá-la.
É que o Corinthians que acabou, a despeito da continuidade do nome, da instituição e da torcida, é o invisível, o intangível – dotado, porém, de sabores, cheiros e sons que (assim como em tudo o que existe) constituíram sua identidade no tempo e no espaço.
Não se trata de melhor ou pior.
Outros times já acabaram da mesma forma e ninguém percebeu, porque seguem aí, vencedores ou perdedores, disputando partidas e campeonatos.
Há, até, times que acabaram de fato, como instituição, sede, elenco, CNPJ, camisa e quase toda a torcida, mas seguem ocupando seu escaninho no leque de identidades que abrimos quando pensamos em times de futebol.
Trata-se de ver o que não mais existe dentro do que segue existindo.
O Corinthians que segue por aí, cujo advento se configurou nos últimos anos, é o time estável, seguro, sem derrotas trágicas nem vitórias cardíacas, senhor da tática e do resultado, capaz de lancetadas cirúrgicas e frias nos adversários, bem-sucedidas e entediantes como o são os procedimentos protocolares dos grandes médicos.
É o time sem ídolos ou vilões irascíveis, sem personagens folclóricos, sem craques e pernas-de-pau lendários, sem gols chorados em cima da hora (nem contra nem a favor), sem o sentimento de fatalidade, sem missão, sem o oco que move à voracidade maior do que a temperança (faca só lâmina), sem expiação, sem milagres, sem purgatórios, pragmático, iluminista, blasé sincero.
A torcida – que, aliás, é parte constitutiva da identidade histórica do time – não mudou, e quando vemos o Corinthians vemos também, e sobretudo, a torcida, o que dificulta vislumbrar sua extinção.
A torcida mesma, quando olha o campo, a camisa, os gols e as conquistas e desfruta da merecida felicidade que este outro time lhe proporciona, não vê senão o Corinthians que ela tem em mente, do qual ela faz parte.
Falta-lhe distanciamento. É ela em campo, na arquibancada e nos pódios. Seria pedir demais que visse que os onze que jogam formam um time que não é aquele que ela forjou.
Ninguém vê nem sequer as mudanças pequenas e grandes que experimenta a todo momento.
Vai querer que veja seu próprio fim?
O Corinthians acabou.
Viva o Corinthians!




Vem, Corinthians! (resposta)
O Corinthians não acabou, nem o mundo.
Se Nostradamus ou os Maias não previram (e nem poderiam), seria verdade?
Sendo assim, os tais “oráculos contemporâneos” e “profetas do pretérito” terão extinção para prever, saber, anunciar?
É que o Corinthians, que não acabou, a despeito do invisível, do intangível que constitui sua identidade no tempo e no espaço, sempre foi o time do concreto, da concretização dos mitos, das místicas, da liturgia. Pode não parecer bonito, e muitas vezes não era; mas era o que era.
Não se trata de melhor ou pior, como você disse.
Outros times não acabaram da mesma forma e ninguém percebeu. O mundo não acabou, nem muitos times, a maior parte deles.Outros até acabaram de fato, como instituição, sede, elenco, CNPJ, camisa e quase toda a torcida, mas seguem ocupando seu escaninho no leque de identidades que abrimos quando pensamos em times de futebol.
Trata-se de ver o que existe dentro do que parece não mais existir no que segue existindo... meio complicado, admito!
O Corinthians que segue por aí, cujo advento se configurou nos últimos anos, é, sim, um time estável, seguro. Concedemos essa. Mas como vem você me dizer, caro Piva (perdoa a intimidade, se ofende), como vem me dizer que é um Corinthians sem derrotas trágicas!? O que foi o Tolima, pra mim, corinthiano!? Que foi a derrota pro Sport na finalíssima da Copa do Brasil, em 2008? O próprio descenso à Série B, quando toda essa saga começou!?
Diz-me que não houve nem vitórias cardíacas? Espera, Piva! Eu lembro de muitas – que, se não são muitas em quantidade, são “muito”, na importância! Foi bom, foi muito bom ver vitórias de lavar a alma, inclusive com gols chorados em cima da hora, como você diz sentir falta: o gol da estreia de Ronaldo contra o Palmeiras, o gol de Christian contra o São Paulo, o gol de Paulinho contra o Vasco...
Sim, esse é o Corinthians senhor da tática e do resultado, capaz de lancetadas cirúrgicas e frias nos adversários, bem-sucedidas e entediantes como o são os procedimentos protocolares dos grandes médicos – para os pacientes, seus clientes, fregueses, que têm sempre a razão, claro...
É um time sem ídolos ou vilões irascíveis como Neto, Leão, Pernambuquinho e outros; mas tem Cássio, Chicão, Ralf, Jorge Henrique - o time inteiro de jogadores que encarnam como os outros antes, talvez até mais, por serem como “operários em campo”, o espírito do torcedor do povo! Se não são personagens “totais” como um Quixote, um Hamlet ou um Vito Corleone, são Sancho Pança, são Horácio e Michael Corleone para um personagem maior: a própria torcida! O futebol, no Corinthians de hoje, é um espetáculo de torcida!
Tem personagens folclóricos, sim! Emerson Sheik e sua macaca, que ora bota no ombro, ora solta nos microfones; o Tite das caretas fotogênicas e do titês, o Romarinho de tão pouca mas iluminada carreira, o Ronalducho, matando a bola na pança, até o Andrés Sánchez, que embora não seja lá bom exemplo, não deixa de ser curiosamente folclórico...
Sem craques absolutos e nem pernas-de-pau lendários, mas com mestria e pixotadas na medida certa para encantar seu torcedor. E há o sentimento de fatalidade, a missão, o oco que move à voracidade maior do que a temperança e expiação, e milagres, e purgatórios: pragmático, iluminista e blasé sincero só pra quem é de fora. Por dentro, Piva, é tudo isso! Mas tem que ser corinthiano pra sentir, à vera!
A torcida – que, aliás, é parte constitutiva da identidade histórica do time – não mudou, e quando vemos o Corinthians vemos também, e sobretudo, a torcida, o que dificulta vislumbrar sua extinção. Pois é, veja você, a resposta pra tudo isso, hoje, no Corinthians de hoje, é justamente a sua torcida. A mesma Fiel, novamente forjada nas dificuldades, não na bonança! Parece mais preocupação com o tal “futebol moderno”, pertinente e oportuna, em que o sintoma terminal parece ser a teatralização do futebol pela domesticação das torcidas; mas os corinthianos sempre foram mais que uma torcida de teatro ou de vôlei - e estão cada vez mais longe disso!
A nós, corinthianos, falta-nos distanciamento, certamente! Somos nós em campo, na arquibancada e nos pódios! Seria pedir demais que visse que os onze que jogam formam um time que não é aquele que ela forjou, sem dúvida – mas é que nós somos os onze, ou somos doze, não sei, perdemos a conta, envolvidos, hipnotizados pelo espetáculo que ajudamos a criar. Jogamos juntos e não há quem de direito possa usurpar nossa própria noção de identidade, certo!?
Ninguém vigia indefectivelmente as mudanças pequenas e grandes que experimenta a todo momento. Todos nós mudamos, Piva; todos nós, invariavelmente. E não falo só de alvinegros, alviverdes, tricolores, celestes, colorados... aquele mundo inteiro que você esboçou em suas palavras acabou, desculpe a indelicadeza, mais uma vez; nem era preciso Nostradamus ou maias para perceber que é parte da natureza, humana ou não, se transformar. Um homem e um rio nunca são os mesmos. A princípio (e é assim sempre) não é certo nem errado, lembra? Perde o bonde quem, invariavelmente mudando, insiste em achar que é o mesmo sujeito de sempre.
Sentir saudade do Corinthians simpático e flertando com a pequenês honrada dos times de bairro ou de interior é bem natural para um torcedor rival (especialmente o que se vê agora do outro lado da situação). Mas o corinthiano há muito tempo deixou de achar graça nessa piada, e há poucos dias conseguiu reverter isso com efeito duplo, um bi-mundial... não tem mais nada pra ganhar - "e se tiver", nossa verve declara, "nós vamos buscar". Isso faz perder aquela graça de bar, aquele saudosismo; incomoda, até assusta!

Todo ser humano precisa de conquistas, glórias e nova história também – para acreditar que é possível buscá-lo tudo de novo, depois, em tempos magros. Fomentar o mito das conquistas vindouras. Que seria do passado senão um motivador do futuro!? Vai querer que seja seu próprio fim? Acredito piamente que não; nem acredito que o será...
O Corinthians não acabou, amigo; ele renasceu!
Se é pra vir com essa novidade, Vem Corinthians!