quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Corinthians e as muitas funções do “Se”

Há muito tempo deixei de estudar a gramática rotineiramente, matéria da qual não guardo as mais tenras saudades. Tampouco sou gramático; apenas tento arduamente me tornar jornalista esportivo, quiçá com outros empregos e trabalhos em paralelo. Porém, a situação atual em que vive o time do Parque São Jorge me fez lembrar de algumas das funções do “Se”; desde pronome até conjunção...

[Pronome em Voz Passiva]
Vê-se que sobre o Corinthians só se faz festa: muito se falou, não apenas na imprensa, mas ainda entre jogadores de outros clubes de outros estados, sobre a contratação de Ronaldo Fenômeno, por exemplo. Grande tacada de Marketing, sem dúvida! Aliás, não vi em nenhum outro lugar loas tão contundentes ao marketing alvinegro quanto neste mesmíssimo blog. Pois bem talvez por isso seja necessário que também eu, antes que o time estreie no Campeonato Paulista, ponha o pé no freio e aponte alguns alvos críticos para quem tem o mínimo de preocupações.

[Conjunção de condição futura]
O ataque do Corinthians é absolutamente generoso nos “se” condicionais: Se o Fenômeno emagrecer...; Se ele jogar 10% do que jogou na vida...; Se Acosta se reabilitar...; Se Souza for o mesmo artilheiro de 2006...; Se Dentinho estourar...; Se Jorge Henrique jogar como nunca jogou no Botafogo...; Se Otacílio Neto deslanchar de vez... São muitos “Se” lançados com expectativas variadas ao futuro e nenhuma certeza! Para um clube que se saiu tão bem nas jogadas de marketing em 2008 não ter uma única certeza convincente é, no mínimo, um contra-senso!

[Objeto Direto]
Não retiro com isso qualquer favoritismo do “Todo-Poderoso”, nem o atribuo estritamente ao departamento de marketing: longe de mim! O clube preparou-se muito bem desde o início do ano passado; soube se aproveitar da situação para “revolucionar” a Série B brasileira e reposicionou-se no cenário esportivo nacional e até mundial ao reverter subitamente uma imagem arruinada de clube rebaixado para outra vitoriosa, de candidato a tudo que disputa. Compôs-se de um time forte, com um treinador muito competente, que também se portou de forma exemplar para fortalecer a equipe.

[Índice de Indeterminação do Sujeito]
Falou-se tanto da falta de atacantes no Parque Antártica que o Parque São Jorge até parece um paraíso dos artilheiros. Comissão técnica e dirigentes que fiquem alerta à real condição do time na linha de frente, em potencial até melhor do que as competentes linhas de meio-de-campo e defesa (além, claro, dos goleiros), mas que não é ainda realidade. Confiou-se muito nestas contratações duvidosas. São apostas, meus amigos – por enquanto, nada mais que isso!

[Conjunção de condição pretérita]
Que tanta indefinição não sirva para compor, daqui a alguns meses ou anos, mais uma das funções do Se: aquela infeliz e mal-querida condição do passado, geralmente precedida de uma interjeição e finalizada com um suspiro... “Ah, se o Corinthians tivesse contratado o Fred...”, “Ah, se tivessem repatriado o Bobô”, “Ah, se conseguissem acertar com o Cléber Santana”, “Ah, se o Liedson...”

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